Galeria Jardim Entrevista: Lorenza Pozza

Formada em música pela Escola de Música e Belas Artes do Paraná, Lorenza Pozza é uma das referências quando se fala em trilha sonora para cerimônias de casamento personalizadas. Com sua voz delicada acompanhada por instrumentos simples, ela cria arranjos criativos para as canções que marcaram a vida de cada casal.

Nessa entrevista exclusiva, a cantora fala sobre como desenvolveu esse trabalho diferenciado e também dá dicas para os noivos pensaram a trilha sonora do casamento.

Galeria Jardim: O que te levou a entrar no mundo dos casamentos?

Lorenza Pozza: O meu relacionamento com a música é muito forte, sempre esteve presente na minha vida. Quando criança, comecei a estudar piano, depois a cantar. Quando cresci e vi que queria muito trabalhar com isso, pensei em cantar em eventos. A ideia era fazer um trabalho mais popular e cantar as músicas que eu gostava de ouvir. Foi aí que comecei a pesquisar o mundo de casamentos, e achei vários blogs legais, principalmente americanos e australianos. Naquela época, por volta de 2010, ainda não tinham muitos blogs brasileiros, era uma coisa que estava começando aqui.

GJ: Então, você se inspirou em casamentos que via fora do Brasil?

LP: Sim. La fora, eu via casamentos realizados no jardim ou na própria casa da família. Aquilo me encantava e eu ficava pensando: “Quem será que canta nesses casamentos tão lindos e tão intimistas?”. Eu procurava fotos desses casamentos diferentes e às vezes via um violão ou uma harpa. Isso começou a me dar uma ideia de fazer um trabalho voltado para casamentos, que são eventos superpessoais, cantando músicas mais moderninhas.

GJ: Como foi esse início?

LP: Pensava que se eu mesma fosse casar naquela época, não escolheria músicas de coral, gostaria de escolher uma música que tivesse a ver com o meu relacionamento. A partir dessa pesquisa, comecei a me interessar e criei um blog para sugerir música para casamento, que se chamava Harpa&Voz (na época eu tinha um projeto com harpa). Eu comecei a me envolver nesse universo e me apaixonar. Eu comecei a criar os arranjos para as noivas, com um casamento aqui, outro ali, tudo muito devagar. Eu passei a me encantar por poder escutar a história do casal, saber quais músicas eles gostavam…

GJ: E os casais se encantaram por essa proposta, não é mesmo?

LP: Bom, sim. No início, eu não tinha ideia de que o projeto poderia crescer tanto. Eu encarava como mais um palco para cantar, não sabia que ia tomar essa proporção. Hoje, cantar em casamentos é a minha vida. Eu respiro isso, 24h por dia. De segunda a sexta eu trabalho nos ensaios e, aos finais de semana, tenho tido muitos eventos. É uma alegria poder cantar as trilhas sonoras dos casais.

GJ: Para você, como é poder fazer parte de um momento tão especial na vida de um casal?

LP: O que eu mais gosto é poder levar a música de cada casal para o casamento. Esse é um dos maiores desafios do meu trabalho: tentar traduzir uma música de um gênero normalmente impensável para uma cerimônia, como um rock ou um pagodinho, para um arranjo mais delicado, sofisticado e, claro, romântico.

Dicas da Lorenza Pozza: como selecionar a trilha sonora para o seu casamento

GJ: O que você acha importante analisar nas músicas antes de selecioná-las para o casamento?

LP: Para o nosso trabalho, que é uma adaptação mais intimista das músicas, é importante prestar atenção na letra, principalmente. Às vezes a música escolhida é tocada por uma banda ou orquestra e nós tocamos só com voz e violão, o que destaca a letra. Então, para mim, o importante é ser uma letra bonita, que tenha um significado especial. Além disso, a melodia também precisa ser bonita. Às vezes tem casais que gostam de uma música que é muito produzida, como música eletrônica, mas se formos parar para prestar atenção, só tem uma linha melódica, muito simples e repetitiva. Esse tipo de música não fica tão legal em voz e violão.

É sempre legal a música ter uma melodia que caminhe mais. Por exemplo, “Without you” é uma música eletrônica, mas tem uma melodia super trabalhada, vai para cima e para baixo, varia bastante. Resumindo, para trabalhar a música, precisamos de uma letra bonita e uma melodia especial. Fora essas questões mais técnicas, o mais importante de tudo é a música emocionar os noivos. Se a canção toca o coração, é perfeita.

GJ: Você acha que a trilha sonora deve estar relacionada ao conceito e estilo do casamento? Como fazer isso?

LP: Sim, acredito que a trilha sonora precisa estar relacionada ao estilo do casamento. Tudo precisa estar muito interligado: o estilo do casamento, o local, a decoração. Digamos que seja um casamento ao ar livre aí no Galeria Jardim ou no Meio do Mato. A música tem que ser um pouco mais leve. Para casamentos que são super cor de rosa, a musica tem que ser suave e romântica. Já um casamento na praia, no estilo pé na areia, a música pode ser um pouco mais descontraída, com clima de reggae, uma coisa mais animadinha.

Tudo isso tem que estar conectado. É muito legal pensar na decoração, na atmosfera e no clima que os noivos querem para o casamento.  Sempre falo que casamentos ao ar livre, durante o dia, pedem uma música mais leve, mais delicada. Mas também tem noivas que querem uma pegadinha mais rock’n roll, principalmente se tiver tudo em harmoniza, se a decoração tiver uma pegada mais autêntica.

GJ: Como escolher as músicas para cada momento da cerimônia?

LP: Eu costumo orientar os noivos a pensar em quem vai participar daquele momento. Por exemplo, para a entrada de padrinhos, é bom ver se são os amigos, familiares ou irmãos.  E aí procurar uma música que possa lembrar essas pessoas. Para a entrada do noivo, é legal pensar nas características do noivo, se ele é romântico, brincalhão ou chorão… É bom escolher uma música em que as pessoas vão ouvir e pensar: “Poxa, é a cara dele”. Isso é muito legal até para a entrada da noiva. Tem noivas que são super doces, que combinam com uma música mais delicada, outras já vem com um vestido mais ousado ou uma maquiagem diferente, acho que a música tem que estar conectada com isso que ela está trazendo, tem que resumir esse momento.

Pensando sempre no clima que os noivos querem criar, podemos montar um repertório personalizado. Por exemplo, na hora dos cumprimentos, tem noivos que não querem uma música romântica de choro, então escolhem uma música mais leve para evitar chororô. Também tem gente que quer chorar, e aí escolhe músicas mais dramáticas.

GJ: E como é esse processo de escolha das músicas? Você ajuda os noivos a decidirem, faz sugestões?     

LP: O processo de escolha das músicas é bastante pessoal. Alguns casais já chegam com ideias bem definidas. Outros precisam de mais orientações.

Nós temos uma lista de músicas que podem ajudar a inspirar algumas escolhas, mas o diferencial do nosso trabalho é trabalhar o repertório de acordo com a trilha sonora da vida do casal. Sendo assim, gostamos de novas ideias, sugestões e que os noivos nos tragam músicas que fazem parte do seu cotidiano, da sua vida como um casal e individualmente também.

Eu gosto muito de partir de uma lista de músicas que o casal gosta e pensar qual seria mais adequada para cada momento da cerimônia. É um exercício que adoro fazer: o de pensar que música pode ficar mais especial para cada momento que vai compor a cerimônia.

GJ: Quais formatos de show você indica para cerimônias ao ar livre?

LP: Cerimônias ao ar livre costumam ser mais leves, com um toque a mais de romantismo e delicadeza. Sendo assim, gosto muito de utilizar instrumentos acústicos como o violão e acrescentar um toque de dramaticidade com um instrumento de corda mais clássico, como o violino ou violoncelo. Mas tudo depende um pouco do clima que os noivos imaginam para a cerimônia e das músicas escolhidas. Eu sempre acho Voz&Violão, com músicas trabalhadas de forma delicada, uma ótima opção para casamentos ao ar livre. Singelo e charmoso, na medida.

GJ: A clássica marcha nupcial ainda é muito pedida pelas noivas? Como é possível modernizá-la?

Lorenza Pozza: Sim! Nós fazemos a marcha nupcial em 99,9% dos casamentos. A Marcha é um elemento muito marcante do casamento e gera uma expectativa especial para a chegada da noiva.

Para as noivas que querem modernizar este momento, acho super especial usar a marcha como uma introdução para outra música. Este é o formato que nós mais trabalhamos. Outra forma de modernizar a marcha ainda é apresentá-la com instrumentos não “convencionais”, com acordeón, por exemplo, ou ainda, escaleta, violão, guitarra… São formas de termos a marcha, porém, sem ter aquele toque tão clássico e tradicional como todos estão acostumados.

Depois de escolher a trilha sonora da cerimônia, que tal pensar na playlist da festa? Veja aqui as melhores dicas!

Por Katryn Dias
Fotos: Divulgação | Gabriell Fernandes | Juliana Pessoa