Pedro da Costa é pintor e, há alguns anos, se especializou em retratar casamentos ao vivo, criando o projeto Momentos a Pincel. Com seu cavalete e sua tinta acrílica de secagem rápida, ele pinta o cenário e os noivos enquanto a cerimônia se desenrola. Ao final da celebração, um quadro lindo para eternizar o momento de união do casal.
Nesta entrevista exclusiva, Pedro da Costa conta um pouquinho sobre o seu trabalho e pintura. Venha se encantar com essa forma diferenciada de registrar um casamento.
Galeria Jardim: Como a arte entrou na sua vida?
Pedro da Costa: Quando eu tinha por volta de sete anos, apareceu em Ilha Grande, onde eu morava, um espanhol muito bom de pintura e desenho. Ele resolveu dar aula para os filhos dos funcionários da empresa que meu pai trabalhava e eu entrei no grupo. Assim, venho lapidando esse dom há mais de 20 anos. A arte é como a Medicina, você tem que estudar para sempre.
GJ: Você sempre gostou de pintar ao ar livre?
PC: Lembro que na minha primeira experiência em aula eu já quis desenhar o que via pela janela da sala, diferente dos outros alunos. O professor perguntou o que eu queria pintar e respondi que queria pintar a árvore da praça. De uns anos para cá tenho pintado sempre ao ar livre. Realmente é o que eu mais gosto de fazer.
GJ: Quando e como surgiu a ideia de retratar casamentos?
PC: Eu tenho uma amiga pintora que também pinta ao ar livre. Uma vez um amigo que ia casar sugeriu que ela pintasse ao vivo no casamento. Na época, ela não estava preparada para o trabalho. Por uma série de fatores, não foi possível terminar a tela no dia, então ela levou para o ateliê. Só que a tela nunca foi terminada. Passado um tempo, eu ouvi essa história e me acendeu uma luz. Eu pensei: “posso fazer esse tipo de trabalho”. Eu liguei para essa minha amiga, perguntei se podia incrementar a ideia de pintar ao vivo em casamentos e ela me incentivou. Foi assim que comecei a pintar em casamentos.
GJ: O que é preciso para pintar no tempo da cerimônia? Existe alguma técnica específica?
PC: Principalmente a rapidez que vem do pintar ao vivo. Você tem que acompanhar a luz do sol, que muda muito rápido. Durante um casamento, você está pintando a cena e, de repente, outros elementos foram incluídos: são os convidados chegando. Quando essas pessoas entram na cena, nem sempre ficam proporcionais. Então aí entra uma rapidez maior ainda para mudar o tamanho dos objetos ao redor e tornar tudo o mais proporcional possível. Na arte temos a licença poética de modificar um pouquinho a realidade, mas eu sei que não posso abusar demais disso, senão fica feio.
GJ: Como é o seu trabalho em casamentos?
PC: Os noivos fazem contato e eu apresento o meu trabalho. Eles escolhem o tamanho da tela entre cinco opções. Em seguida, combinamos o ângulo que eles querem que seja retratado durante o casamento.
GJ: Você pode contar um pouquinho de como é o seu trabalho no dia do casamento?
PC: Eu chego mais ou menos duas horas antes do início da cerimônia. Se a tela for das maiores, procuro chegar até antes. Aí inicio a minha pintura com o plano de fundo. Depois eu incluo os noivos e o celebrante quando entram na cena. De propósito, eu deixo alguns pequenos detalhes para pintar um pouquinho durante a festa. Quando o trabalho é finalizado, os noivos vêm para ver e eu entrego a tela, que geralmente fica exposta na festa.
GJ: Como é feita a escolha do ângulo ou do momento exato da cerimônia que vai ser retratado?
PC: Eu converso com os noivos, explico as opções e eles escolhem o ângulo. Quando eu conheço o local, é mais fácil, porque já sei onde posso ficar, onde fica mais legal. No Galeria Jardim, por exemplo, os noivos geralmente preferem os ângulos que mostram árvores ou o jardim ao fundo, perto da piscina.
GJ: Já vimos algumas pinturas em que os noivos escolheram o momento final, da saída da cerimônia, para ser retratado. Mas esse é um instante que passa muito rápido. Como você faz?
PC: Quando a cerimônia termina e os noivos estão voltando, eu determino um local exato ali no corredor para eles darem uma paradinha e eu fotografo. Em seguida, coloco a foto no notebook e finalizo o trabalho.
GJ: Além de retratar a cerimônia ao vivo, os noivos costumam pedir outras pinturas?
PC: Os noivos também têm a opção de escolher outros momentos para a pintura. E aí eu vou fotografar, porque eles não têm todo o tempo para ficar posando e eu precisaria de pelo menos uns 30 minutos. Às vezes os noivos não querem que seja retratada a cerimônia, mas querem registrar outro detalhe do casamento. Pode ser o arranjo de flores da mesa, um cantinho bacana do espaço, o lago com a ponte do Meio do Mato… Os noivos ficam livres para escolher o que quiserem registrar. Eu sempre atendo aos pedidos. Não existe nada que não possa ser feito.
GJ: Algum casamento ficou marcado para você?
PC: Para mim enquanto pintor, todo casamento tem um “quê” especial. A pintura pode ser feita no mesmo local, com o mesmo ângulo, mas vai sempre ser diferente. Então, todos os casamentos que eu participei foram especiais para mim.
GJ: O que você acha primordial para o sucesso de um casamento?
PC: É muito importante que exista entrosamento entre todos os profissionais que vão trabalhar durante a cerimônia. A equipe do cerimonial, da filmagem, os fotógrafos, o pintor… Todos precisam trabalhar em conjunto, prestando atenção para não atrapalhar o trabalho do outro.
GJ: Nossa equipe adora o seu trabalho. Como é para você trabalhar no Galeria Jardim e no Meio do Mato?
PC: Trabalhar com essa equipe é muito bom. São todos muito profissionais e se esmeram em fazer cada evento. Se uma folhinha da árvore cai no tapete que a noiva vai passar, tem sempre alguém lá para tirar. Ter uma equipe que presta atenção aos mínimos detalhes vai sempre fazer a diferença.
Por Katryn Dias
Fotos Sérgio Ronaldo / Rafael Clem
Quer saber mais sobre o trabalho? Leia a reportagem do Meio do Mato